Emoção e muitas lembranças na homenagem da Câmara à igreja matriz

Personagens da história da matriz São João Batista se emocionaram e emocionaram a plateia presente à solenidade de moção de aplauso da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu pelo centenário da igreja, nesta sexta-feira, 21, de autoria do vereador Ney Patrício.

De acordo com o vereador, a moção é “um reconhecimento fato histórico na diocese de Foz do Iguaçu, com a finalidade do desenvolvimento na vida dos cristãos, no propósito precípuo de fé e evangelização”.

A igreja mais antiga da cidade completa 100 anos de fundação na próxima segunda-feira, 24, data em que se festeja o padroeiro da matriz e de Foz do Iguaçu.

Para o evento na Câmara, foram convidados para representar a comunidade as seguintes personalidades: jornalista Jackson Lima, um grande pesquisador e historiador de Foz e região; Valdir Garbin, presidente do Conselho de Assuntos Econômicos e arquiteto responsável pela reforma da paróquia; a ministra da Sagrada Comunhão e coordenadora da Pastoral de Eventos e membro do Conselho, Anita Keil.

E ainda Henriqueta Sibila Pepin Ferreira, carinhosamente conhecida como Dona Loty, que tem uma vida dedicada à igreja e mantém um grande acervo histórico, e também Domingos Roque Pacagnan, ministro da Sagrada Comunhão há 44 anos na igreja São João Batista.

O vereador Ney Patrício e o pároco Willian Alves.

O padre Willian Alves, pároco da matriz, destacou os “100 anos de fé inabalável, comunidade unida e serviço dedicado a Deus e ao próximo”. E completou: “Durante estes 100 anos, nossa paróquia tem sido um farol de esperança e um refúgio de paz para inúmeras pessoas. Nossa Igreja não é apenas um edifício de tijolo e argamassa. É um lar espiritual onde as pessoas encontram paz, orientação e apoio”. Padre Willian também lembrou todos que passaram pela igreja, desde os religiosos até a comunidade, que fizeram da matriz uma referência na cidade. “Cada um deixou uma marca indelével.”

Jackson Lima.

O jornalista Jackson Lima ficou bastante emocionado ao falar. “Confesso que nunca me senti tão nervoso como hoje, mas este é um momento muito importante para a nossa igreja e a história da nossa cidade. Me sinto honrado pelo convite.” Jackson Lima brincou: “Quando me perguntaram se no cerimonial era para me nomear como jornalista e pesquisador, eu disse: basta jornalista”. E explicou: todo jornalista é pesquisador. Em seus estudos, Jackson se aprofundou na chegada da igreja católica a Foz do Iguaçu. O trabalho dele remete há 130 anos antes da chegada da Colônia Militar, período em que se desconhece o que ocorreu em termos de evangelização.

Valdir Garbin.

Seguindo a linha do tempo, o arquiteto Valdir Garbin historiou a construção e as subsequentes reformas da matriz a partir de 1924. Um ano depois que a igreja foi erguida, ainda em madeira, a construção pegou fogo num momento festivo da comunidade.

“E aí, os moradores se mobilizaram e resolveram erguer novamente a igreja”, disse. Mas lembrou que foi um longo período até a conclusão da obra, que ficou concluída apenas na década de 1960. “As dificuldades eram muito grandes”, explicou, dizendo que “se hoje já há dificuldades, imagina naquela época”.

Em 1978, nova reforma na igreja, com uma obra que eliminou “aquela parte arredondada (no teto) e o presbitério, que fica ao fundo”. Em 2012, Garbin recebeu a missão de assumir a construção de uma nova igreja. A ideia era entregá-la pronta em 2014, quando a matriz completaria 90 anos e Foz do Iguaçu comemoraria seu centenário.

Mais uma vez, houve problema com os recursos. O orçamento começou em R$ 800 mil e fechou em R$ 2,2 milhões. A construção antiga praticamente veio abaixo, o que gerou muitas críticas na época. “Eu, como profissional da área, não tinha como fazer de outra forma. Pedi a Deus que me desse força pra continuar. E conseguimos entregar em 2015, mas faltava uma coisa: faltava apresentar as pinturas de artes sacras, que é o que nós tínhamos lá nos anos 50 e 60, aquele forro arredondado, e o presbitério.” As artes sacras, a troca dos vitrais e o presbitério tornaram-se realidade no centenário da igreja. “A gente só tem que agradecer à comunidade, às pessoas que participam, aos dizimistas, ao turista, ao visitante e também todas as redes sociais que nos ajudam a divulgar”, agradeceu ao final de sua fala.

Anita Keil.

Anita Keil, membro do Conselho de Assuntos Econômicas da matriz, ministra extraordinária da Eucaristia e coordenadora da Pascom de Eventos, afirmou que “nós, que amamos esta cidade e a nossa comunidade da paróquia São João Batista, não poderíamos deixar de preparar uma programação especial para marcar esta data. A ideia é que este marco ficasse para sempre registrado na memória das pessoas. Para isso, nós criamos a Pastoral de Eventos, que se uniu às demais pastorais e movimentos religiosos, para fazer do centenário um momento histórico”.

A igreja criou uma lojinha de souvenires, com vários itens, como camisetas, bonés, chaveiros, entre outros, e até um terço personalizado e com edição limitada, para que os fiéis e os visitantes pudessem ter uma lembrança desta data.

“Os paroquianos estão adquirindo esses terços, estão levando para suas casas, e vão cuidar com muito amor e carinho para que seus bisnetos possam, quando estiverem festejando mais de 100 anos, os 200 anos com certeza, vão lembrar que seus pais participaram dessa festa de 100 anos”, disse ainda Anita Keil, que aproveitou o evento para convidar todos para participar da festa junina do padroeiro, que começa nesta sexta-feira, às 19h, e prossegue até domingo depois do almoço, com quermesse, comidas típicas, ação entre amigos com sorteio de um carro e mais 14 prêmios, além da tradicional feijoada.

Dona Lóti.

Henriqueta Sibila Pepin Ferreira, a Dona Lóti, afirmou que “a abertura do centenário da matriz de Foz do Iguaçu foi marcante. “Para mim, que frequento há 80 anos essa paróquia, foi muita emoção que eu senti no momento. E acredito que todos os que estavam presentes também. A igreja que começou aqui em Foz, pequena, numa capela, uma pequena vila, hoje tornou-se uma diocese. Para nós, que somos cristãos aqui em Foz do Brasil, é um orgulho muito grande saber o quanto fomos abençoados. E agora, nesse instante, quero agradecer a proteção que nós tivemos do nosso Deus, a proteção de São João Batista em nossa paróquia e pedir à Virgem Maria, a imagem da Nossa Senhora de Guadalupe, que é a protetora, que é a padroeira da diocese de Foz de Iguaçu, que nos cubra com seu manto e nos proteja e que os próximos anos que virão sejam como foram nesses 100 anos que se passaram, de luta, de fé, mas de muito amor, que tenhamos muita esperança em nosso coração e todos sejamos muito abençoados.”

Domingos Roque Pacagnan.

Domingos Roque Pacagnan, o último a falar na solenidade da Câmara Municipal, deu um testemunho sobre o início de sua atuação na paróquia até uma graça recebida pela intercessão do Padre Germano Lauck. No começo, ele contou, sua participação nas missas era na música. Depois, como ministro, o que faz há 44 anos.

Para Domingos, que teve uma convivência muito forte com padre Germano, “o religioso é um santo”. Ele atribuiu estar vivo até hoje por meio de uma graça recebida do padre quando estava no hospital, entre a vida e a morte.